quinta-feira, 25 de abril de 2024

Flor de esteva




Passeio da Liberdade..., versão original.

 

AS TRÊS CANTARINHAS

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."

Tenho, na gavetinha das recordações, três lindas cantarinhas; cada qual a mais graciosa.

Três bonitas cantarinhas, autografadas.
Recebi-as numa tarde soalheira de maio, cheias de sol e amor.
Uma, deu-ma rapazinho, que partiu para não voltar. E se voltar, será transubstanciado em: luz e amor.
As outras duas, recebi-as de lindas e virtuosas meninas, com carinho e amizade.
Naquela tépida e longínqua manhã de Maio, deambulava, distraído, entre milhentos cestinhos, repletos de cantarinhas.
Eram todas em miniatura; todas pequeninas; todas de barro bem vermelhinho. Pintadas com amor e carinho.
Raparigas travessas, banhadas de sol, e saias garridas, soltavam gaias gargalhadas, e, mirando-me de soslaio, perpassavam por mim.
Mocinhas sisudas, de saias compridas, e olhos baixos, reclinavam, recatadas, os rostos trigueiros, sorrindo…; mas nenhuma oferecia-me cantarinhas…
Tinham namorado; e as que não tinham, buscavam-no. Não eu; pobre solitário, que em dia de sol, de vento fresco e acariciador, passeava entre fogosa meninada, que comprava dúzias de cantarinhas.
Porém, ao pôr-do-sol, ao recolher da tarde, duas lindas meninas, brindaram-me com duas amorosas cantarinhas; pintadas a cores festivas, e gravadas a letra manuscrita.
Uma, é “alta”, esguia, e elegante, tem um: “T”, bem lançado; a outra, é baixa e graciosa, tem no “ largo” bojo, um: “G”, tremidinho.
Quase cinco décadas passaram. Passaram, também, ilusões e risonhos sonhos da juventude; mas, na gavetinha das recordações, há, bem aconchegadas, três cantarinhas, pequeninas, que três jovens, em tépido dia de Maio, ofereceram-me com carinho e amor.
Como é bom recordar! … Como é bom ver as cantarinhas! …Todas três embrulhadinhas. Todas três juntinhas, como estão as meninas, que mas deram, ainda, no meu coração…

A Feira das Cantarinhas, realiza-se no primeiro fim-de-semana de maio, em Bragança,


Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

INÊS SERAMOTA, a Padeira que distribuiu o Símbolo da Liberdade

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REPORTAGEM: 25 Abril: Memórias da “França sem Paris” onde ficavam emigrantes enganados

 Inês Pinheiro Ramos, de 89 anos, é uma das últimas habitantes de França, aldeia no concelho de Bragança, que guarda memórias do tempo do Estado Novo quando havia quem tentasse chegar na clandestinidade ao país França e acabava ali, enganado pelos “passadores”.


Os “passadores”, assim chamados, a troco de dinheiro guiavam na raia quem procurava abandonar o Portugal da ditadura, contornando as fronteiras guardadas. Um dos 11 irmãos de Inês, Rui, três anos mais novo e entretanto já falecido, era um dos passadores da aldeia, a “França sem Paris”, como a descreveu Inês, que fica a seis quilómetros de Espanha e a 16 de Bragança.

“Constava-se que perto da fronteira havia gente que ‘passava’ e as pessoas vinham à procura. Os ‘passadores’, quando sabiam que andava por aí alguém à procura, aproximavam-se. E a alguns enganavam-nos”, recordou Inês, reportando-se aos anos 60 do século XX.

Inês recordou que a pobreza e o medo de ser obrigado a embarcar para a guerra colonial precipitava a gente para uma viagem incerta. Não raras vezes, eram os pais que financiavam a travessia. Eram 10 contos por cabeça, equivalente hoje a 50 euros, uma quantia elevada na época.

Para muitos, apresentava-se assim a primeira viagem que iam fazer na vida. Na aldeia de França, isso facilitava a vida aos “passadores”, que tiravam proveito dos mais inocentes.

Havia uma referência que circulava de boca em boca, uma ponte que haviam de encontrar ao chegar ao país França. Ora, na aldeia de França passa o rio Sabor e há uma ponte. E aí há ainda hoje uma placa em pedra onde se lê “França”. 

“E os ‘passadores’ aproveitavam-se dessa situação. As pessoas acreditavam que já estavam em França (país). Tudo parecia bater certo. (…) Ficavam sem o dinheiro e em Portugal”, partilhou a narradora. 

Inês explicou que a ponte “verdadeira” era entre Irún, Espanha, e Hendaye, França, onde terminava a viagem “a salto”, clandestina.

Chegava-se à aldeia de madrugada e deixavam-nos junto à placa. Depois iam embora. Os “passadores” deixavam como última indicação que “seguissem quando pudessem” a ponte que, afinal, só os levava ao outro lado da aldeia.

Quando nascia o sol e o movimento voltava às ruas, perguntavam aos transeuntes onde estavam. E apercebiam-se do embuste. Assim foi, fez contas Inês, durante pelo menos dois anos. Alguns dos burlados regressavam a casa, outros voltavam a tentar mais tarde e acabavam por conseguir.

Mas alguns nem chegavam à “França sem Paris”. Inês recordou o caso de quatro rapazes que vieram de Fátima, distrito de Santarém: “O meu irmão estava em Espanha, com outros. Fui ter com eles a Bragança, de táxi, para lhes dizer que o meu irmão chegava no dia seguinte. Nesse dia seguinte, foram presos”.

Os quatro jovens estavam hospedados numa pensão em Bragança. Foram denunciados sobre a intenção de sair do país, mostrou convicção Inês, expressando, mesmo volvidos mais de 50 anos, indignação: “Eles estavam em Portugal, não tinham nada que os prender”. 

Os detidos viram-se obrigados a entregar o “passador”, Rui, irmão de Inês. Foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado, a PIDE. Rui foi levado para o Porto, onde ficou “dois ou três meses”. Destino semelhante teve outro “passador” da aldeia de França. 

A PIDE queria saber quanto já tinham “passado”, quem e de onde. Inês acha que alguns “passadores” foram torturados. Outros, não. Acabaram, os dois da aldeia de França, libertados porque “não tiravam nada deles”. Igual aconteceu aos rapazes de Fátima. Foram soltos, mas não se livraram de responder em tribunal em Bragança, soube Inês.

Inês foi também clandestinamente para França, o país, em 1968. Não precisou de “passadores”, por conhecer tão bem a zona quanto eles. Seguiu com o marido, os filhos, um rapaz de 16 anos, uma rapariga de 14, e uma sobrinha. Para farnel, levaram fumeiro que tinham feito em casa. De estudos, Inês levava a terceira classe, porque “diziam na aldeia que as meninas não precisavam da quarta”.

Foram, evitando a guarda, até Calabor, Espanha, a cerca de oito quilómetros, onde havia um único taxista que fazia o transporte até ao comboio, e isso sentia-se no preço.

Foi nesse comboio que conheceram outro português. “Veio da Madeira, por baixo de um avião, nas rodas, e aterrou em Lisboa. Disse que se meteu num comboio em Lisboa. Não pagou porque assim que via o revisor metia-se no quarto de banho. Sem dinheiro, sem nada, conseguiu chegar a França”.

Inês e a família foram trabalhar para uma fábrica de plásticos, em Amiens, perto do Canal da Mancha, onde ficou por 13 anos.

Para tantos outros, foi mais difícil. Mas Inês, quando questionada sobre se valia a pena, respondeu sem hesitar:”Valia sempre a pena. Valia, valia”.

TYR // MSP
Lusa/Fim

Gostava de tirar o curso de Paraquedista Civil?

 Dia 12 de Maio também pode ver paraquedistas no céu do Aerodromo de Bragança.
Uma Organização da Associação de Paraquedistas do Nordeste, com apoio do Aero Clube de Bragança.

UM HINO À LIBERDADE...

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")

(foto minha, tirada faz hoje exatamente 50 anos)

Fascismo…
Miséria…
Fome e opressão
O rosto escondido…
A saliva cuspida
Os ratos no vão
Fascismo!
A palavra oprimida
A sílaba homicida 
Podridão.
A falta de liberdade
A ausência de expressão 
Na esquina da noite…
Na emboscada da luta
Ficavam os homens…
Os mais corajosos…
Enjaulados na prisão.
Sonhadores subjugados… 
Perseguidos, julgados
Torturados em vão
Por sonhos ousados.
Metidos em celas
Sem culpa ou perdão.
Com a brisa de Abril…
Abriram cancelas
Floriram janelas
Serraram-se grades
E as privações!
A PIDE acabava
Pisada e calcada
Nas pedras da rua…
Jazia a tortura.
O regime morria
Abril, campa fria.
Morria a agonia
Enterravam-se agruras.
Sem sangue ou torturas.
Nas metralhadoras,
floresceu a esperança
Em cravos vermelhos
Em mãos de criança!
Em gritos de amor.
E a mocidade,
matava a saudade
De cravos em riste 
o sonho crescia 
A liberdade nascia
A história mudou
A ditadura morria
No peito cresceu
A vontade venceu.

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.
Participei nas coletâneas: Poema-me; Poetas de Hoje; Sons de Poetas; A Lagoa e a Poesia; A Lagoa o Mar e Eu; Palavras de Veludo; Apenas Saudade; Um Grito à Pobreza; Contas-me uma História; Retrato de Mim; Eclética I; Eclética II; 5 Sentidos.
Reunir Escritas é Possível: Projeto da Academia de Letras- Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
Livros Editados: O Roseiral dos Sentidos – Suspiros Lunares – Delírios de uma Paixão – Entre Céu e o Mar – Uma Eterna Margarida - Contornos Poéticos - Palavras Cruzadas.

Entrevista a Otelo

 Meu caro Henrique,

Entre as incontáveis entrevistas que fiz, esta, a Otelo Saraiva de Carvalho, estratego da Revolução que nos deu a liberdade, publicada no semanário "Tempo", foi aquela que mais marcou a minha vida profissional.

Abraço.

Carlos

Agenda de Maio, Junho e Julho de 2024 do Teatro Municipal de Bragança.

 



Grândola, Vila Morena

quarta-feira, 24 de abril de 2024

1974 - Paulo de Carvalho - "E Depois Do Adeus"

10 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança


3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

3 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

17 de ABRIL de 1974 - Mensageiro de Bragança